Um olhar que me consola
A história gira em torno de questões existenciais da adolescente Abby Elizabeth, ou simplesmente Abby, como a perda precoce do pai, os embates com a mãe, mudança de cidade, escola, o desafio de fazer amizades e, o mais instigante, os percalços na descoberta do amor.
A narrativa possui o tempero necessário a uma boa literatura de entretenimento, com a qual os jovens leitores irão se identificar, pois compartilham os mesmos desafios da protagonista em seu processo de amadurecimento.
Beco das Almas
Wanderley Wasconcelos mergulha fundo na tradição brasileira em escrever sobre o sertão e seu desdobramento: o garimpo e suas promessas de fartura, econômica e sentimental.
“Coronel Ferreiro”, repassa sua vida desde menino até os dias atuais. Seu mando à frente de boiadas, a violência de seus desejos, o despropósito de sua ambição, seu senso de justiça e sua querência com Antônia, o grande amor de sua vida. Esse viúvo, que se entretém com o caderno de suas “garatujas”, não apenas passa sua vida e memória a limpo em um diálogo de si consigo mesmo, mas apura também um modus vivendi, tenta recriar à sua maneira enviesada um tempo não mítico, um passado recente que o atropelo da modernidade faz com que o vejamos já nos longes de poeiras e recordações de velhos baús caídos em desuso.
Mãe & Esparsos, Anunciados, Cotidianos
Mãe & Esparsos, Anunciados, Cotidianos são contos que se debruçam sobre questões que emergem na pós-modernidade, como o modo machista de ser de homens ou mulheres, a sociedade sexista, as violências contra minorias (de diretos), a LGBTfobia e a loucura. Em linguagem ora muito prosaica e simples, ora com um rebuscamento quase neobarroco, os contos geram o incômodo deleite cotidiano de muitas e miúdas formas de vida.
Cama de gato
Ao longo do livro, a jornalista e artista plástica Michelle Diehl percorre as diversas fases de sua vida e nos dá uma visão do quadro bipolar sob a ótica de quem vivenciou a descoberta dos sintomas e suas complicações. Relata essa experiência única de como lidar com o diagnóstico, o processo de aceitação do tratamento, as dificuldades e recaídas.
As parcerias com a historiadora Cristina Soares, na escrita da obra e nas telas pintadas à quatro mãos (acessíveis através de QR-codes ao longo da obra) e com a também artista plástica, escritora e poetisa Ariel Von Ocker, que escreveu os poemas que abrem cada capítulo, tornam a obra muito mais ampla e profunda.
O livro leva a reflexões e nos impulsiona para nos tornarmos pessoas melhores, na busca incessante de evolução e crescimento pessoal.
Intermitência
Intermitência, em intervalos descontínuos, traz em gradação na poesia o “eu”, o “verso”, o “sentimento” e o “cotidiano”. A ausência, o desconforto do ser ante o vazio, alguma força (um fórceps) que o impele a seguir, embora a paisagem cotidiana resulte intermitente e o verso confesse, por vezes, a ânsia do sujeito lírico por algum compasso, alguma cadência ou circunstância contínua e regular onde possa apascentar sua poesia. Mas não há continuidade. Não há qualquer vislumbre de constância. O que resta ao leitor é testemunhar o universo interrompido que Edson Flávio apresenta com a voz inconfundível do poeta lírico que é.
Sósias
Check-in
Domingos Soares desembarca no aeroporto da distante República Popular do Bayuká e se surpreende ao ser recepcionado com honras de chefe de estado. O conto de Eduardo Mahon apresenta uma insólita coincidência. O homônimo do premiado físico nuclear desfruta de várias mordomias que lhe são oferecidas pelo regime do presidente Ho Wei. Os equívocos de lado a lado se agravam com o passar do tempo e ameaçam a vida dos envolvidos, que lutam para resolver o problema da identidade.
Poesia não acaba nunca
Odair de Morais escreve com uma fina navalha. Seu corte é preciso. Extrai a medula da imagem, sem feri-la. Retira da pedra a arte que só o escultor vê. Recolhe o que se esconde na paisagem. Faz um permanente exercício fotográfico a cada novo poema. Ele sabe que o haicai é a poética das sensações. Voa na jugular do invisível. Crava suas delicadezas na contramão do óbvio. Arranca seus haicais do cotidiano, do que parece comum, mas singulariza o momento. É um discípulo do espanto. Um mergulhador com o pulmão cheio de oxigênio. Enfim, um rio corrente que se mostra do raso ao profundo.
Lau Siqueira
Tikare: alma-de-gato
Tikare alma-de-gato é uma ficção que registra/recupera histórias, mitos e práticas de um povo indígena que vive no imenso Chapadão do Parecis-MT; propõe uma reflexão sobre os modos de contato entre indígenas e não indígenas e sobre a necessária garantia de espaço para a vida dessas comunidades. Cumpre a tarefa necessária de formar leitores conscientes da importância da diversidade cultural do Brasil e do mundo. É um livro para todas as idades mas, em especial, para o público juvenil.
Sinfonia dos Mil
O romance se passa durante a pandemia de covid-19 em 2020, quando um músico recebe, no dia de seu aniversário de 50 anos, um convite para participar da gravação remota de um vídeo da Sinfonia N. 8, de Mahler, também conhecida como Sinfonia dos Mil, para a qual foram convidados mil músicos de todos os continentes.
Durante as gravações, o protagonista suspeita que um dos participantes argentino, com quem vem trocando informações sobre a obra e execução, possa ser muito mais que um colega de profissão. Pelas conversas, mensagens e vídeochamadas, o homem busca a verdade.
O imprevisto
Enclausurado em um antigo manicômio, o escriturário Ramiro Noronha faz um relato pormenorizado do bárbaro crime que cometeu. O tiro fatal na cigana selou a sorte da personagem. A partir da internação, o insubmisso paciente apresenta uma curiosa teoria sobre sua própria situação, interagindo com os leitores que podem ou não concordar. O frenético monólogo que mistura realidade e imaginação faz com que a interpretação sobre os fatos oscile entre variados pontos de vista. O novo romance de Eduardo Mahon problematiza a relação de poder em vários campos do conhecimento e convida os leitores a somar novas perspectivas ao crime do imprevisível protagonista. No fim, toda lucidez será posta em xeque.
Companhia das Índias
Alcides é um cidadão comum, que frequenta a vida pacata de uma vizinhança pobre. Tudo muda quando o sobrado da rua é ocupado por uma família de estrangeiros. O novo vizinho oferece-lhe um presente e Alcides se vê humilhado por não poder retribuir. A partir de então, começa o frenético turbilhão do homem consciente demais de sua própria condição social. Haverá salvação? O conto de Eduardo Mahon transforma um simples aborrecimento na intrincada questão existencial do protagonista, que compartilha com os leitores a sua agonia.