“Apesar do desespero evidente das outras aldeias, mesmo assim, o velho líder resolveu permanecer por vários dias à beira do igarapé, onde se instalaram desde o começo, para sondar os movimentos da Frente de Atração. Até que uma chuva torrencial os expulsou dali, fazendo com que se deslocassem mais para o leste, na beira de um castanhal e nas margens de outro igarapé, bem menor, mas suficientemente estratégico para continuarem a observar os invasores. Apesar do desespero evidente das outras aldeias, mesmo assim, o velho líder resolveu permanecer por vários dias à beira do igarapé, onde se instalaram desde o começo, para sondar os movimentos da Frente de Atração. Até que uma chuva torrencial os expulsou dali, fazendo com que se deslocassem mais para o leste, na beira de um castanhal e nas margens de outro igarapé, bem menor, mas suficientemente estratégico para continuarem a observar os invasores”.
(Trecho do livro “Sinais de Chegadas”, Odenir Pinto de Oliveira)
É com a narrativa dinâmica e acessível aos leitores que o escritor Odenir Pinto de Oliveira desenvolve a história de “Sinais de Chegadas”. A obra, publicada pela Carlini e Caniato Editorial em 2013, apresenta uma trama ambientada em uma Frente de Atração que tinha por objetivo “pacificar” os chamados “índios gigantes” no norte de Mato Grosso e transladá-los ao Parque do Xingu.
A história, apesar de baseada em fatos reais, é apresentada ao leitor através de personagens fictícios. O autor, Odenir Pinto de Oliveira, viveu até a adolescência entre os povos indígenas Bakairi e Xavante, no norte/nordeste de Mato Grosso. É membro do órgão oficial de indigenismo (Funai) por intermédio do Primeiro Curso de Indigenismo.
Odenir atua em diferentes regiões do país, especialmente nas atividades de demarcar e proteger territórios indígenas. Atualmente, trabalha na defesa do patrimônio material e imaterial destes povos. De sua experiência e bagagem cultural, surgiu o primeiro romance do autor, “Sinais de Chegadas”.
Sobre a obra
Sinais de Chegadas relata, de forma romanceada, o dia a dia de uma equipe de funcionários governamentais designada, no começo da década de 1970, para fazer contato pacífico com os chamados “índios gigantes”, na amazônia brasileira.
Baseada em fatos vivenciados pelo autor como parte desta equipe, a obra narra a trama que se delineia entre uma violenta política desenvolvimentista, em plena ditadura militar. Busca mostrar a vida de um povo indígena isolado que se tornou vítima de um crime, pelo fato de suas aldeias estarem localizadas exatamente no curso de uma rodovia que cortou o coração do seu território.
“Da mistura conflituosa entre os grandes interesses econômicos e estratégicos, na maior parte das vezes destrutivos, e as culturas tradicionais, nasce uma narrativa rica em dados políticos e históricos, mas que mantém um forte vínculo com a magia do cotidiano. Os personagens necessários para que tal aventura aconteça não poderiam ser pessoas comuns, são parte de uma gente que talvez não exista mais: fortes sem rigidez, disciplinados, mas maleáveis, rústicos e práticos como requer a vida em uma floresta de forma precária e improvisada”, escreveu o fotógrafo e videomaker, Laércio Miranda, em uma resenha.
Em outra resenha, publicada no site Olhar Conceito, a acadêmica Michelle Carlesso Mariano escreveu: “Abordando fatos reais através de personagens fictícios, o narrador-personagem delineia a trama de maneira magistral, sem omitir detalhes chocantes, pormenores cotidianos, anedotas e diálogos introspectivos que fazem com que essa leitura seja fluida e prazerosa”.
Onde comprar
“Sinais de Chegadas”, de Odenir Pinto de Oliveira, está disponível para todo o Brasil no site da Carlini e Caniato Editorial. Basta clicar AQUI para acessar.