Mascote do caos
Mascote do caos traz "cronicontos" divertidos que misturam ficção e realidade. Assim como sugere o título, um cãozinho, fofo e simpático, mas que “toca o terror” subvertendo a ordem das coisas, os textos de Lucas provocam no leitor(a) essa mesma sensação, pois em sua maioria partem de uma linguagem jornalistica para relatar situações bizarras de forma questionadora, criativa e divertida. Para além dos textos muito bem humorados há a sagacidade da crítica ao modo de vida da sociedade contemporânea.
Recuerdos de mi abuela & outros estilhaços em charla
Mário Cezar Silva Leite apresenta-nos em Recuerdos de mi abuela & outros estilhaços em charla um caleidoscópio: seus estilhaços de vidro colorido multiplicam ritmos, corpos, registros linguísticos, temporalidades e gêneros literários os mais variados, construindo dessa forma um pequeno e vibrante mundo no qual memória, ficção e realidade são (ainda que por alguns instantes) uma coisa só.
Ler os cinco estilhaços que compõem este livro significa integrá-los aos mornos afetos de nossos corpos, ter a Abuela, Paulo e Tadeu no mesmo campo fresco da memória onde estão, meio apagados pelo tempo, nossos amigos de infância, nossos primos nunca mais visitados e nossos brinquedos descamados. Tê-los, enfim, entre nossos próprios recuerdos.
Check-in
Domingos Soares desembarca no aeroporto da distante República Popular do Bayuká e se surpreende ao ser recepcionado com honras de chefe de estado. O conto de Eduardo Mahon apresenta uma insólita coincidência. O homônimo do premiado físico nuclear desfruta de várias mordomias que lhe são oferecidas pelo regime do presidente Ho Wei. Os equívocos de lado a lado se agravam com o passar do tempo e ameaçam a vida dos envolvidos, que lutam para resolver o problema da identidade.
Companhia das Índias
Alcides é um cidadão comum, que frequenta a vida pacata de uma vizinhança pobre. Tudo muda quando o sobrado da rua é ocupado por uma família de estrangeiros. O novo vizinho oferece-lhe um presente e Alcides se vê humilhado por não poder retribuir. A partir de então, começa o frenético turbilhão do homem consciente demais de sua própria condição social. Haverá salvação? O conto de Eduardo Mahon transforma um simples aborrecimento na intrincada questão existencial do protagonista, que compartilha com os leitores a sua agonia.
Bovinos
No bistrô, o famoso médico Egon Osther percebe que há algo estranho. Na mesa distante, encontra-se uma atípica família: o boi, a vaca e dois bezerros. Esta é apenas mais uma das muitas conquistas que os bovinos alcançaram depois da revolta contra a milenar dominação humana. O conto de Eduardo Mahon ironiza discursos contemporâneos que formam consensos artificiais. Sempre irreverente, o autor alfineta o extremismo da atual polarização política. Afinal, a metáfora bovina pode recair sobre ambos os lados.
Contos escolhidos de Jose de Mesquita
A obra organizada por Eduardo Mahon, contém introdução que contextualiza a produção literária de José de Mesquita, considerado “O Patrono da Literatura Mato-grossense” e ainda justifica e analisa a seleção dos contos selecionados, os quais são reproduzidos integralmente, na sequência. Sendo eles: “Corá”; “O drama do ‘arrombado’”; “A burguezinha ou as linhas ocultas do destino”; “A cavalhada”; “Renúncia”; “Sangue sertanejo”; “Fortunato ou o forçado da felicidade” e “A mandinga”.
A publicação, lançada no ano de comemoração do centário da Academia Mato-grossense de Letras, instituição essa de maior importância na área no Estado e fundada por Joé de Mesquita, oportuniza estudo sobre literatura, linguística, filologia, história e o contato direto com contos publicados em quatro livros, nas décadas de 30 e 40, mas esgotado há muitos anos.
Resumo da ópera
Um homem que soube da própria morte pelo jornal, uma menina cujos cabelos não paravam de crescer, um rapaz que se via replicado dentro de uma lantejoula, a mulher que conversava com um buraco na parede do apartamento, o arco-íris anunciado na vitrine de uma loja de brinquedos, todas essas histórias fantásticas estão na reunião de contos de Eduardo Mahon. Questionar os limites do possível e transformar os sonhos em realidade cotidiana faz parte do universo do autor, comprometido com a refundação da mágica na vida dos seus leitores.
R.S.V.P
Depois de décadas fechado, um luxuoso palacete reabrirá. Para o jantar de recepção, poucos convidados receberão o luxuoso envelope e lá saberão o dia e a hora do encontro. Mas... Quem os convida? E por quê? O conto de Eduardo Mahon mais uma vez coloca em xeque a lógica convencional e ironiza a necessidade humana de explicações racionais. Ao se aproximar do improvável, o autor pressiona o público a olhar com atenção para delicados problemas da sociedade brasileira e o jogo de aparências que a domina. Dessa vez, o fantástico está diante do leitor. Basta se sentar à mesa e devorá-lo.
Repartição
Expedito Simões é um funcionário comum. Faz parte de uma multidão de anônimos que vivencia um trabalho burocrático e maquinal. Sem qualquer razão aparente, recebe uma promoção e se torna coordenador de seu departamento. Inicialmente, acomoda-se mal na sala que não parece ter sido feita para funcionários comuns como ele. A partir de então, o protagonista precisa conviver com a própria angústia por não ter mérito algum. Eduardo Mahon prossegue a coleção Contos Estranhos com um texto que impõe a ruptura da lógica cartesiana. Uma boa dose de ironia é usada pelo autor para equilibrar o incômodo sentimento humano diante do inexplicável. Afinal de contas, até onde chegará Expedito Simões?